O Declínio da Europa- Inglaterra
A Inglaterra, para além de todas as consequências sofridas pela guerra, ainda enfrentou uma mortífera epidemia de gripe no inverno de 1918-19 que contribuiu para a alta taxa de mortalidade, visto que contava com um total de 750 000 mortos. O enfraquecimento demográfico, isto é, a perda dos grupos de idades mais jovens, conduziu a um aumento da emigração interna, em que as pessoas procuram zonas que iniciam programas de reconstrução, nomeadamente as cidades.
A Inglaterra vê a sua economia contraída, endividada pela forte dependência estabelecida com os Estados Unidos durante a guerra e a ruína das indústrias tradicionais que implicou o crescente desemprego de milhões de homens e mulheres (documento 1). A indústria inglesa encontrava-se num período de recessão: a produção da indústria téxtil diminui drasticamente, assim como as exportações. Entre 1854 e 1913, a produção de carvão tinha passado de 65 para 287 milhões de toneladas, porém, após a guerra, até 1938 apenas alcançou 227 milhões, continuando a descer. O mesmo aconteceu com a produção dos barcos ingleses que diminui para metade. Se a produção havia diminuído, então a necessidade de mão de obra também, por exemplo, a necessidade de trabalhadores na indústria do algodão diminuiu de 621 000 para 288 000 trabalhadores. O desemprego fez-se sentir de forma mais trágica em cidades que se sustentavam de uma só indústria.
A situação de desemprego era permanente e a miséria e a fome instalaram-se. As dificuldades e a instabilidade económicas traduziram-se em instabilidade social e o período de 1919-21 foi o mais controverso quanto aos distúrbios industriais. O movimento sindical adquiriu uma notória adesão, principalmente após a expansão dos ideais comunistas, as Trades Unions contavam com oito milhões de aderentes. As greves intensificaram-se e o governo tomou medidas violentas, como é exemplo a greve geral dos transportes em 1921 em que o governo mobilizou 75 000 homens (reservistas) para derrotar os grevistas. Apesar do crescente desemprego operário, os operários britânicos desfrutavam de um nível de salários muito alto em relação ao dos outros países industrializados.
Em comparação com a instabilidade governativa da França, o sistema político inglês continuou baseado na monarquia parlamentar, com o seu centro e o seu equilíbrio entre a coroa e o Parlamento. O governo manteve-se estável e procurou fazer frente às dificuldades económicas e aos problemas sociais com a adopção de medidas importantes, como a Lei da Habitação, em 1919, em que o governo intervinha nos negócios de habitações com subsídios e a Lei de Seguros para o Desemprego, em 1920, que beneficiou quase todos os salários inferiores a 250 libras anuais. Para fazer frente à concorrência estrangeira, como proteção, lançou uma nova política alfandegária.
Assim, para a Inglaterra o pós guerra teve grandes impactos nos setores industriais que, por sua vez, conduziram a uma elevada taxa de desemprego. Contudo, politicamente manteve-se estável e procurou resolver as adversidades provocas pela guerra.
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Documento 1 |
Fontes: Texto realizado com base na obra "Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre Guerras", de Carlos Moretón Abón, nos sites http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.097/136 e http://en.wikipedia.org/wiki/Trade_union.
Imagem: Retirada da obra"Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre Guerras", de Carlos Moretón Abón.
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