Contextualização:
 O após a Primeira Guerra Mundial

Em 1919, após a Primeira Guerra Mundial, a Europa confrontou-se com grandes transformações geo-políticas, com desordens sociais e crises económicas e financeiras, visto que as consequências da guerra foram desastrosas (documento 1). Os grandes impérios caíram (Império Russo, Austro-Húngaro, Alemão e Otomano) e deram origem a novos Estados, por exemplo, o Império Russo deu origem à Rússia Soviética e à Finlândia, o Império Austro-Húngaro à Aústria e à Hungria e o Império Otomano à Turquia (Documento 2), desta forma os regimes republicanos e as democracias parlamentares extenderam-se a muitos dos novos países.  Contudo, as enormes perdas humanas e a destruição de campos, fábricas, habitações levaram a Europa a permanecer compradora de bens e serviços americanos – durante a guerra, a Europa tornou-se altamente dependente dos EUA, os quais lhe forneciam armas, alimentos e dinheiro, conduzindo a um grave acumulamento de dívidas- aumentando a sua dívida.  O aumento da circulação de moeda fiduciária (documento 3) provocou a desvalorização monetária, o poder de compra diminui e o índice de custo de vida aumentou, contribuindo assim para uma inflação crescente. A fome e a miséria instalaram-se e as pessoas começaram a revoltar-se, principalmente pela difusão dos ideais comunistas vindos da Rússia Soviética, as greves e as manifestações aumentaram e intensificaram-se chegando a tornarem-se violentas. As democracias e as repúblicas não conseguiam fazer frente às dificuldades e desavenças dos seus países o que levou a uma crescente desorganização e instabilidade governativa.
Enquanto a Europa via chegar o seu declínio, os Estados Unidos tornaram-se a maior potência mundial, subjacente numa prodigiosa capacidade de produção e na prosperidade da sua balança de pagamentos, devido à vasta riqueza natural e capital, adoptaram novos métodos de produção e de organização do trabalho e constituíram grandes sociedades e empresas de produção e de distribuição.


Documento 1- Declínio da Europa


Documento 2- Novo mapa após a Primeira Guerra Mundial


Documento 3- Circulação da moeda fiduciária


Esquema: Após Primeira Guerra Mundial




Fontes: Texto e esquema realizados com base no manual "O Tempo da História", 12º, parte 1 de Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas, nos apontamentos da Professora de História Sandra Branco, no manual "Sinais da História9" de Aníbal Barreira e Mendes Moreira e na obra "Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre guerras" de Carlos Moretón Abón.
Documento 1: retirado do manual "Sinais da História9" de Aníbal Barreira e Mendes Moreira;
Documento 2: retirado da obra "Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre guerras" de Carlos Moretón Abón;
Documento 3: retirado do manual "O Tempo da História", 12º, parte 1 de Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas.
O Declínio da Europa- França


Após a Primeira Guerra Mundial, a França encontrava-se com sérios problemas demográficos, sociais e económicos, uma vez que foi o país mais destruído pela guerra, na consequência de ter sido sobre solo francês que se realizaram as maiores batalhas. Contou com cerca de um milhão e meio de mortos e desaparecidos, com 2 800 000 feridos, dos quais 600 000 inválidos que resultaram na perda da quinta parte da população ativa. Encontravam-se 200 000 casas e 20 000 fábricas destruídas e metade da via viária e ferroviária fora de uso, a produção de trigo reduzida em dois terços, as minas inundadas e a produção de gado em vias de extinção. A inflação, iniciada no período de guerra, aumentava, devido à falta de impostos eficazes sobre o rendimento e o constante recorro aos empréstimos, mantidos sobre a crença que as indemnizações alemãs os pudessem cobrir. A agricultura sofreu de um sério atraso, primeiro, porque a maioria da população tinha-se deslocado para as cidades à procura de melhores condições de vida e havia um défice de trabalho e segundo, porque à falta de investimento permanece-se na utilização de técnicas atrasadas. A indústria estagnou, apesar da indústria automóvel se mostrar capaz de manter o desenvolvimento da produção, rapidamente alcançou uma produção limite de cerca de 200 000 veículos por ano. 
Todas as classes foram afetadas pelo aumento do custo de vida, no entanto as desigualdades sociais permaneciam e com a realização da III Internacional (1919), a agitação da classe operária fez-se sentir. A burguesia com medo que os seus poderes fossem limitados pela adesão e o triunfo dos ideais comunistas, apoiaram uma política nacionalista e conservadora. Os efeitos morais sobre a sociedade francesa foram muito intensos, levando-a alterar os seus ideais e os seus costumes.
Deste modo, os problemas económicos e sociais tornaram-se a principal preocupação do governo. Contudo, devido à instabilidade governativa subjacente na falta de organização parlamentar, mostrou-se incapaz de os resolver, ou tomavam decisões tardias ou inoportunas. 

Ruínas francesas após a Primeira Guerra Mundial


Fontes: Texto realizado com base no livro "Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre Guerras", de Carlos Moretón Abón.
Imagem: http://www.ibamendes.com/2012/07/primeira-guerra-mundial-o-pos-guerra.html
O Declínio da Europa- Inglaterra


A Inglaterra, para além de todas as consequências sofridas pela guerra, ainda enfrentou uma mortífera epidemia de gripe no inverno de 1918-19 que contribuiu para a alta taxa de mortalidade, visto que contava com um total de 750 000 mortos. O enfraquecimento demográfico, isto é, a perda dos grupos de idades mais jovens, conduziu a um aumento da emigração interna, em que as pessoas procuram zonas que iniciam programas de reconstrução, nomeadamente as cidades. 
A Inglaterra vê a sua economia contraída, endividada pela forte dependência estabelecida com os Estados Unidos durante a guerra e a ruína das indústrias tradicionais que implicou o crescente desemprego de milhões de homens e mulheres (documento 1). A indústria inglesa encontrava-se num período de recessão: a produção da indústria téxtil diminui drasticamente, assim como as exportações. Entre 1854 e 1913, a produção de carvão tinha passado de 65 para 287 milhões de toneladas, porém, após a guerra, até 1938 apenas alcançou 227 milhões, continuando a descer. O mesmo aconteceu com a produção dos barcos ingleses que diminui para metade. Se a produção havia diminuído, então a necessidade de mão de obra também, por exemplo, a necessidade de trabalhadores na indústria do algodão diminuiu de 621 000 para 288 000 trabalhadores. O desemprego fez-se sentir de forma mais trágica em cidades que se sustentavam de uma só indústria. 
A situação de desemprego era permanente e a miséria e a fome instalaram-se. As dificuldades e a instabilidade económicas traduziram-se em instabilidade social e o período de 1919-21 foi o mais controverso quanto aos distúrbios industriais. O movimento sindical adquiriu uma notória adesão, principalmente após a expansão dos ideais comunistas, as Trades Unions contavam com oito milhões de aderentes. As greves intensificaram-se e o governo tomou medidas violentas, como é exemplo a greve geral dos transportes em 1921 em que o governo mobilizou 75 000 homens (reservistas) para derrotar os grevistas. Apesar do crescente desemprego operário, os operários britânicos desfrutavam de um nível de salários muito alto em relação ao dos outros países industrializados.
Em comparação com a instabilidade governativa da França, o sistema político inglês continuou baseado na monarquia parlamentar, com o seu centro e o seu equilíbrio entre a coroa e o Parlamento. O governo manteve-se estável e procurou fazer frente às dificuldades económicas e aos problemas sociais com a adopção de medidas importantes, como a Lei da Habitação, em 1919, em que o governo intervinha nos negócios de habitações com subsídios e a Lei de Seguros para o Desemprego, em 1920, que beneficiou quase todos os salários inferiores a 250 libras anuais. Para fazer frente à concorrência estrangeira, como proteção, lançou uma nova política alfandegária.
Assim, para a Inglaterra o pós guerra teve grandes impactos nos setores industriais que, por sua vez, conduziram a uma elevada taxa de desemprego. Contudo, politicamente manteve-se estável e procurou resolver as adversidades provocas pela guerra.

Documento 1





Fontes: Texto realizado com base na obra "Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre Guerras", de Carlos Moretón Abón,  nos sites http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.097/136 e http://en.wikipedia.org/wiki/Trade_union.
Imagem: Retirada da obra"Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre Guerras", de Carlos Moretón Abón.
O Declíno da Europa- Portugal


Após a queda da monarquia, implantou-se a Primeira República Portuguesa, a 5 de Outubro de 1910. A república revelou-se um fracasso, principalmente devido ao seu parlamentarismo que deu origem a uma grande instabilidade governativa, ao seu anticlericalismo que ia ao desencontro de um país conservador e católico e à sua participação na Primeira Guerra Mundial que conduziu o país a grandes dificuldades económicas, para além das que já possuía, e ao agravamento da instabilidade política e social.
Portugal estava devastado economicamente, devido ao crescente défice da balança comercial, provocado pela falta de investimento industrial e à dependência do financiamento estrangeiro que se traduzia no aumento trágico da dívida pública. A carência de bens essenciais conduziu a uma subida drástica dos preços (os produtos eram sujeitos a racionamento), o custo de vida aumentou e o poder de compra diminuiu, entrando assim numa inflação galopante. Entre 1915 e 1919, o custo de vida triplica e, entre 1919 e 1922, quintuplica.
Os problemas económicos traduziram-se num descontentamento da classe média e do operariado, a agitação social consolida-se e o número de greves aumenta.  Estas greves são caracterizadas por atentados bombistas e propaganda antirrepublicana. Em consequência, surge a Confederação Geral do Trabalho (1919) e a Federação Maximalista Portuguesa (Documento 1), motivada pela intensificação do movimento operário influenciada pela expansão dos ideais comunistas.
No que diz respeito à política, Portugal ultrapassou uma fase de grande instabilidade, visto que estava constantemente a mudar de governos e alguns tinham duração de dias, chegando mesmo a ditaduras, como a de Sidónio Pais. O parlamentarismo fracassou, o parlamento era dotado de uma desorganização trágica e de falta de uma maioria parlamentar que ocasionava permanentemente a queda dos governos.
Assim, devido à falta de estabilidade política e de soluções fase aos problemas económicos, em 1926, com o golpe de estado do General Gomes da Costa (Documento 2), dá-se a queda da Primeira República e inicia-se uma período de ditadura militar.



Documento 1 (Jornal relativo á FMP)
Documento 2- General Gomes da Costa (1863-1929)





























Fonte: Texto realizado com base no manual "O Tempo da História 12", 1ªparte, de Célia Pinto do Couto e de Maria Antónia Monterroso Rosas, no power point-pt.slideshare.net/JooFreitas/a-falncia-da-1-repblica e nos sites: http://www.museu.presidencia.pt/presidentes_bio.php?id=101, http://escavar-em-ruinas.blogs.sapo.pt/10645.html e http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/arquivo/?p=creators/creator&id=1.
Documento 1: escavar-em-ruinas.blogs.sapo.pt/10645.html;
Documento 2: http://www.museu.presidencia.pt/presidentes_bio.php?id=101
A ascensão dos Estados Unidos



Ao contrário da Europa, a guerra trouxe aos Estados Unidos prosperidade, apesar de conhecer uma breve crise que termina rapidamente, em 1922, alcança um desenvolvimento extraordinário.
Como o conflito deu-se na Europa, os EUA não tiveram quaisquer perdas materiais. Durante a guerra foram os grandes fornecedores dos Aliados, tornando-os altamente dependentes dos seus produtos alimentares, armamentos e financiamentos (entre 1917 e 1919 os EUA procederam a empréstimos que correspondiam a mais de 1900 milhões de dólares). Também não teve grandes perdas humanas: 100 000 soldados mortos e 200 000 feridos.
No plano social, vão surgir seitas como a Ku Klux Klan (KKK) (documento 1) que são um protesto americano contra outras raças, crenças e ideias sociais estrangeiras que os convertiam em estranhos ou estrangeiros na sua própria terra, ou seja, eram contra a imigração estrangeira (documento 2), visto que esta aumentou com o fim da guerra, em que os europeus procuram os EUA para encontrar melhores condições de vida e de trabalho. A sociedade americana do pós guerra assiste a uma liberdade dos costumes, como por exemplo a fiapper ("rapariga emancipada") que vive de forma diferente, sem tabus de ordem sexual, que se veste com roupas mais curtas e usa cortes de cabelos masculinos, procurando de certa forma provocar. A mulher passa a ter direito ao voto com a emenda 19 da Constituição (1920) e a trabalhar, de 1920 a 1930, o número de mulheres ativas passa de 8 430 000 para 10 680 000.
No plano económico, a guerra favoreceu a industrialização do país, foram muitos os factores que para ela contribuíram. A utilização de novas fontes de energia como o petróleo e a electricidade que permitiram aproveitar ao máximo os seus recursos naturais, destacamos assim os novos campos petrolíferos alvos de exploração com uma produção em progressão constante que chega a alcançar 137 milhões de toneladas e o equipamento das forças hidráulicas que permitiu aos EUA passar de 30 por cento para 70 por cento, em 1929. Desta forma, zonas até então deprimidas foram industrializadas e grandes extensões de terreno foram disponibilizadas para exploração. A implantação de novos métodos produtivos tayloristas (documento 3), em que era necessário decompor as operações manuais em movimentos simples e cada um dos quais seria confiado a um operário. A produtividade era racionalizada, aumentando o rendimento individual e diminuindo a mão de obra, permitindo baixar os preços e subir os salários A revitalização do proteccionismo que torna o mercado americano cada vez mais inacessível aos produtos europeus. E, por fim, a melhoria das condições laborais, uma vez que a maior produtividade permite diminuir a jornada e aumentar os salários, possibilitando um maior poder de compra e um maior consumo. Na indústria verifica-se assim uma produtividade elevadíssima (documento 4).
No plano político, a década de 20 representa a inauguração da era republicana, esta nova política leva os Estados Unidos a recusar a participação na Sociedade das Nações  e a rejeitar o Tratado de Versalhes.
Assim, os Estados Unidos foram os financiadores europeus e do mundo, desenvolveram-se não só economicamente como socialmente, sendo uns dos primeiros países a conceber a participação feminina na vida política. Contudo, esta época de prosperidade tem fim com a crise de 29 que se inicia nos EUA e se mundializa.

Documento 1- Ritual dos KKK



Documento 2- Imigração anual dos EUA



Documento 3- O novo método de produção



Documento 4- Produção norte-americana relativamente ao total mundial (%)






Fontes: Texto realizado com base na obra "Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre Guerras", de Carlos Moretón Abón, no manual "O Tempo da História 12" 1ª parte, de Célia Pinto Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas e no site: http://www.history.com/topics/ku-klux-klan.
Documento 1: http://www.glogster.com/allyyyyy/ku-klux-klan/g-6mb7ga0suff6bl4mb5u6oa0;
Documento 2: realizado por Ana Sofia Pereira, com base nos dados da obra "Grande História Universal Volume 20- O Mundo entre Guerras", de Carlos Moretón Abón;
Documento 3: retirado do manual "Sinais da História 9", de Aníbal Barreira e Mendes Moreira;
Documento 4: realizado por Ana Sofia Pereira, com base na obra "V. História Económica Mundial, Volume II", de Vásquez de Prada.

Documentários sobre os diversos temas abordados



Documentário sobre as consequências da Primeira Guerra Mundial (1914-1918)







Documentário sobre a seita Ku Klux Klan


Este trabalho foi realizado no âmbito do tema Arte Nova e procura demonstrar a influência de Antoni Gaudí na arquitetura da Arte Nova.


Este trabalho foi realizado no âmbito da celebração do dia do Patrono da Escola Secundária Almeida Garrett. O trabalho é sobre as Guerras Liberais no Porto e em Vila Nova de Gaia, relacionadas com a participação de Almeida Garrett como liberal. Este trabalho foi realizado em conjunto com a minha colega Joana Santos.